sábado, 22 de agosto de 2009

Lajedo do Pai Mateus

Lajedo do Pai Mateus, no estado da Paraíba, é um desses locais privilegiados pelo capricho da natureza. Ao longe, o que se vê é uma enorme base de granito onde grandes pedras redondas dão um aspecto único, como se tivessem sido colocadas ali pela mão do homem. Ou melhor, pela mão do homem e seus guindastes, pois, olhando de perto é que se percebe que são enormes, chegando a pesar até 45 toneladas.


Caprichosa, a natureza exibe suas esculturas de pedra. Na foto, pedra do Capacete
Foto: João Correia Filho


Localizado no município de Cabaceiras, o Lajedo do Pai Mateus faz parte de uma região conhecida como Cariri Paraibano, ou Cariri Velho, que durante muito tempo foi praticamente esquecida.
No entanto, já foi habitada há milhares de anos pelos índios cariris, que emprestaram seu nome ao lugar e deixaram fortes marcas na cultura e no jeito de ser do nordestino.

Formação

Na verdade, essa formação data de mais de 500 milhões de anos, no período pré-cambriano, em um processo que ainda ocorre lentamente. Eduardo Bagnoli, geólogo que há anos explora a região, explica que tudo começa no centro da terra: as rochas que se formam a 70 quilômetros de profundidade são empurradas para a superfície e começam a sofrer um processo de desgaste.

Fissuras naturais e a constante mudança de temperatura que há na região – pois os dias são muito quentes e as noite mais frias - dilata e contrai a rocha abruptamente, e faz com que rachem. Inicialmente são blocos retangulares ou quadrados que vão se desgastando num processo chamado de esfoliação esferoidal, ou seja, vão tomando as formas arredondadas que possuem hoje.

Saca de Lã


A estrutura incomum da Saca de Lã chama a atenção em meio ao sertão
Foto: João Correia Filho

Bem próximo dali, seguindo alguns poucos quilômetros por estradas de terra, está outro monumento natural que lembra as grandes construções erguidas pelo homem - talvez incas, maias...quem sabe egípcios.

A Saca de Lã recebe esse nome por lembrar sacos de algodão empilhados, segundo o imaginário do lugar. São pedras gigantescas, retangulares, que se encaixam perfeitamente e formam uma espécie de pirâmide de mais de 40 metros de altura. É difícil entender como aquilo se formou e como a natureza pôde ser tão audaciosa.

Segundo estudiosos é o mesmo processo das pedras redondas dos outros lajedos da região, como o do Pai Mateus e o do Bravo, mas aí o desgaste ocorreu apenas de forma retangular, devido às fissuras exatas das pedras. Seja qual for a explicação, o lugar impressiona.

Para quem visita a Saca de Lã, também faz parte da aventura a subida até a última pedra, ironicamente redonda. Ribamar de Faria, nosso guia, arrisca a subida e completa o monumento como se fora um grande totem.

Pinturas Rupestres

Eduardo Bagnoli conta que a primeira vez que esteve no Cariri Paraibano ouviu falar de alguns `letreiros` espalhados por toda região. Curioso, seguiu alguns moradores até as pedras mais próximas e descobriu que os `letreiros` eram nada mais nada menos do que belas pinturas rupestres. Começou a pesquisar, chamou amigos e estudiosos e foi percebendo que estava diante de um grande acervo iconográfico da humanidade.

A maioria dessas manifestações data de 10 a 12 mil anos e foram deixadas pelos antigos habitantes dali, os índios cariris. No sítio do Bravo e no Lajedo Manuel de Souza, município de Boa Vista, estão a maioria delas, as mais belas e visíveis da região. Pássaros, figuras humanas e desenhos geométricos são pintados geralmente nas grutas formadas pelas grandes pedras que se formam sobre os lajedos. Provavelmente locais onde permaneciam abrigados da chuva e, talvez, dos inimigos. Há também a possibilidade de serem locais de rituais mais complexos e essas grutas espécies de igrejas, mal comparando.

O método desenvolvido por Eduardo para encontrar `letreiros`, apesar de ser quase uma brincadeira, acaba convencendo: `Basta você olhar para um lugar bonito, ou que lembre uma moradia e procurar com cuidado. Pode ter certeza que vai encontrar pinturas rupestres`. Apesar de simplista, o método ilustra o volume de pinturas da região e quase sempre dá certo.


Lagoas guardam grande número de fósseis
Foto: João Correia Filho

É também no Sítio do Bravo que se formaram pequenas lagoas, extremamente ricas em restos ósseos de grandes mamíferos do período pleistoceno, que começou a se formar a 1 milhão de anos. Em meio aos grandes lajedos, os lagos certamente serviram para saciar a sede dos grandes animais pré-históricos, como o tigre-dente-de-sabre e a preguiça gigante.

Provavelmente o homem aproveitava-se da situação para caçá-los ali mesmo, onde estavam vulneráveis e seus restos permaneciam no local. Alguns objetos encontrados ali, como pedras quebradas em forma de faca, são representativos para entendermos um pouco mais sobre os hábitos dos nossos antepassados. Acredita-se que antes desses instrumentos o homem era mais caçado do que caçador. Com esses objetos, começaram a caçar e a ter reserva de carne, o que deu estabilidade e mais tempo a trabalhar com o intelecto.

Fonte: www.ecoviagem.uol.com.br

Brasileiro que escreveu sobre coronel Fawcett quer processar autor americano

Reprodução


O então major Percy Harrison Fawcett no Peru, em foto de 1911









Por Ivan Finotti
da Folha de S.Paulo

Dois livros com duas visões diferentes sobre a vida e a morte de Percy Fawcett têm jogado luz sobre a trajetória desse fascinante coronel britânico que desapareceu em 1925, na região do Xingu, enquanto procurava vestígios de uma civilização extinta.

Fawcett é lembrado como maior inspiração para o personagem Indiana Jones.

O problema é que um desses dois autores --o brasileiro Hermes Leal-- não considera a visão do outro autor --o norte-americano David Grann-- tão diferente assim da sua.

Na verdade, acusa Grann de copiar seu livro e ameaça levá-lo à Justiça. "É sacanagem vir um cara aqui e copiar o trabalho da gente", afirma Leal, que pesquisou a história durante cinco anos.

O norte-americano nega o plágio. "Essas acusações são claramente falsas e absurdas. Meu livro é baseado em anos de minha própria pesquisa e em minha própria viagem à Amazônia em 2005", afirmou Grann, em e-mail à Folha.

Hermes Leal, 49, lançou seu "O Enigma do Coronel Fawcett: O Verdadeiro Indiana Jones" em 1996, pela Geração Editorial, teve três reimpressões no país e uma edição publicada no Japão em 1999.



O norte-americano David Grann, 42, lançou em fevereiro "The Lost City of Z - A Tale of Deadly Obsession in the Amazon" (a cidade perdida de Z - uma história de obsessão mortal na Amazônia).

O livro está em sexto lugar entre os mais vendidos na lista do jornal "The New York Times" e foi comprado para virar filme por Brad Pitt. A Companhia das Letras vai lançá-lo no Brasil em setembro, com a possível presença do autor.

Antes do livro, Grann havia escrito uma reportagem sobre Fawcett para a revista "New Yorker", em 2005, ocasião em que visitou o Brasil e entrevistou pessoas, inclusive Leal. "Ele me entrevistou uma tarde em São Paulo. Depois, por e-mail, começou a pedir telefones dos meus entrevistados. Achei que não era justo e não passei os contatos", conta Leal.

Grann diz que sua pesquisa se baseia extensamente em material histórico, além de fontes inéditas. "Entrevistei muita gente, incluindo descendentes de Fawcett, arqueólogos e pessoas que conheci na minha viagem ao Brasil." O norte-americano cita o livro de Hermes Leal entre as mais de 200 fontes de sua bibliografia.

"Não sei se vou conseguir provar algo, mas não existe memória viva dessa história. Não há como Grann saber detalhes que escreveu, a não ser que tenha copiado", diz Leal, que chegou a ser aprisionado pelos índios que teriam matado Fawcett em sua expedição de 1996.

Para tanto, Leal contratou uma firma de advogados especializados em direitos autorais.

"Vamos traduzir o livro antes de tomar uma decisão de entrar ou não na Justiça. Mas as fontes de pesquisa não pertencem a um ou a outro. É preciso ver se há trechos coincidentes, e isso é subjetivo", diz Leo Wojdyslawski, seu advogado.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Muito além de Atlântida

Arqueólogos já não perdem tempo com a lenda do continente perdido. Estão bem mais interessados em ruínas de cidades que hoje estão debaixo d’água, naufrágios históricos e cavernas alagadas.

Por: Super Interessante - Texto: Mariana Sgarioni

Por mais que seu “escritório” seja uma imensidão azul, os arqueólogos subaquáticos passam boa parte do tempo em situações extremamente claustrofóbicas. Quando não estão se esgueirando nos destroços de um naufrágio, estão mergulhando numa caverna ou ficam horas literalmente enlatados em algum tipo de veículo submersível. Parecem coisas de aventureiro, não é verdade? Mas são “apenas” pesquisas científicas. Esse arqueólogo trabalha como qualquer outro, usando os mesmos conceitos e procedimentos adotados fora d’água. Com uma diferença: é preciso saber mergulhar.

Graças a essa fachada aventureira, arqueólogos subaquáticos freqüentemente são confundidos com caçadores de tesouros, piratas modernos que ganham a vida encontrando galeões naufragados e vendendo tudo que conseguem retirar deles. Para sorte do patrimônio histórico da humanidade, no entanto, o trabalho desses profissionais da arqueologia é outro: entender e preservar os incríveis sítios submersos que foram localizados nas últimas 5 ou 6 décadas. Eles já não se preocupam com a busca pelo mítico continente de Atlântida nem se dedicam apenas à exploração de naufrágios. Na verdade, quase sempre dão apoio às pesquisas levadas a cabo pelos colegas em terra firme. Exemplo: o carregamento de ânforas de um naufrágio fenício, ao ser descoberto no Mediterrâneo, pode ajudá-los a descobrir rotas comerciais da Antiguidade sobre as quais não se tinha notícia. Os dois ramos da ciência trabalham juntos – um no seco, o outro dentro d’água.

DE COUSTEAU AO TITANIC

Se por um lado o ambiente subaquático oferece riscos e impõe uma série de limites, por outro ele costuma ser garantia de descobertas espetaculares. A ausência do ar, temperaturas mais baixas e pouca ou nenhuma luz natural são fatores que colaboram para a preservação de muitos artefatos. Em compensação, é preciso ter extremo cuidado na hora de retirá-los da água. Submersos há dezenas, centenas ou milhares de anos, alguns deles podem simplesmente se desintegrar ao ser removidos. A coleta pode ser feita pelos próprios arqueólogos, manualmente, ou com a ajuda de equipamentos de última geração, como computadores de visualização e robôs comandados a distância.

Quem deu o pontapé inicial no desenvolvimento de equipamentos para a arqueologia subaquática foi o oceanógrafo francês Jacques Cousteau, em 1943, quando desenvolveu, com o engenheiro Emile Gagnan, a aparelhagem de respiração a partir do ar comprimido contido num cilindro. O Aqua-Lung (pulmão aquático), como foi batizado, permitiu aos arqueólogos investigar bem de perto o que antes eles só podiam imaginar. Desde então, cientistas vêm desenvolvendo as mais variadas técnicas para descer cada vez mais fundo. Hoje, há equipamentos que permitem investigações arqueológicas a mais de 6 mil metros de profundidade, como os desenvolvidos pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA. O Departamento de Pesquisas de Arqueologia em Águas Profundas daquela instituição especializou-se em inventar sensores, câmeras e robôs que levam a ciência a lugares onde a pressão é mortal e o homem jamais chegaria.

Um dos achados arqueológicos mais importantes dos últimos tempos foi feito justamente com a ajuda de um desses aparelhos. No mar Negro, fotos e vídeos trouxeram à tona vestígios de presença humana há mais de 7 mil anos. Quem estava à frente da expedição era o oceanógrafo americano Robert Ballard, que, em 1985, tornou-se mundialmente conhecido por encontrar o naufrágio Titanic no Atlântico Norte. Para ele, a grande descoberta, quando acontece, tem o efeito de um nocaute. “É como levar dois socos em seguida, algo meio esquizofrênico”, diz o explorador. “No caso do Titanic, esse segundo soco veio no momento em que vi todos aqueles sapatos espalhados pelo interior do navio. Os corpos se vão, mas os sapatos continuam inteiros. Até em naufrágios romanos ainda é possível ver sandálias. São imagens emocionantes.”

domingo, 9 de agosto de 2009

Ovni em Sousa - PB



No mês de janeiro de 2008, o mototaxista Edson Vieira da Silva residente na Rua Júlio Ferreira, Estação, afirma ter visto um objeto não identificado que ele acredita ser um “disco voador” que estava sobrevoando o céu da cidade de Sousa.

Conforme o mototaxista, o mesmo estava dormindo e acordou por volta das 01h15 de ontem (11) para tomar água e se deslocou até o muro da residência, quando foi surpreendido por uma luz forte e incandescente que se movimentava muito rápido no ceu, imediatamente o mototaxista retornou ao interior da casa e pegou um celular e conseguiu filmar o objeto ainda por dez segundos e em seguida sumiu. Esta não é a primeira vez que populares observam luzes de objetos não identificados no céu da cidade de Sousa.

Veja o vídeo: http://www.sertaoinformado.com.br/sv.html

Fonte: Sertão Informado

Sousa - PB - Vale dos Dinossauros


Marca foi encontrada em fazenda no interior da Paraíba (Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Santa Helena)


Descoberta foi em cidade ao lado do conhecido Vale dos Dinossauros. Geólogo da UFRJ diz que 395 dinossauros foram classificados no local.

Supostas pegadas fossilizadas de dinossauro foram encontradas em uma fazenda no distrito de Melancias, na cidade de Santa Helena (PB), durante o trabalho de pesquisa da Petrobras para saber se há petróleo na região, no fim de fevereiro.

O município fica na Bacia do Rio do Peixe, região conhecida pelos inúmeros registros de pegadas de dinossauros que viveram no local há cerca de 140 milhões de anos.

Segundo a prefeita de Santa Helena, Maria do Socorro Felix Rolim, há um mês a cidade passa por uma avaliação de técnicos da empresa Geophysical do Brasil Ltda. para confirmar a existência de petróleo na região entre as cidades de Triunfo (PB) e São João do Rio do Peixe (PB).

Paleontólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estiveram no local nesta quarta-feira e analisam as imagens para confirmar ou não que se tratam de pegadas de dinossauro.

"A descoberta das pegadas de dinossauros foi feita em um dos 300 leitos analisados pela empresa contratada pela Petrobras", disse Maria do Socorro.


Ela esteve no local logo após o encontro das duas marcas no solo e confirma a semelhança das pegadas com outras já analisadas e confirmadas por palenteólogos nas cidades vizinhas como Sousa (PB).


"A área tem cerca de 30 m² e o trabalho dos pesquisadores foi interrompido para não afetar uma possível área de importância arqueológica e que pode servir para estudos de geologia e palenteologia", disse a prefeita.

O proprietário da fazenda, o empresário Rony Dantas, disse ao G1 que o local está interditado. "Não estive lá após o encontro das possíveis pegadas, pois a área está fechada para visitação". A Petrobras foi procurada pelo G1 para comentar o caso, mas ainda não se pronunciou.

O geólogo Ismar de Souza Carvalho, da Unidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolveu vários estudos com o geológo italiano e especialista em dinossauros Giuseppe Leonardi na área onde está a cidade de Santa Helena.


Ele confirma que se trata de uma região com grandes possibilidades de ter mais pegadas de dinossauros. Por isso o local também é conhecido como Vale dos Dinossauros.

"As pegadas fossilizadas são comuns em toda a Bacia do Rio do Peixe. As principais cidades com registros semelhantes são Souza, Uiraúna (Brejo das Freiras), Pombal e São João do Rio do Peixe".

Segundo Carvalho, as pegadas encontradas por lá têm idade de 140 milhões de anos. "As rochas e as marcas já pesquisadas datam da idade cretácea e se relacionam com movimentos de falhas geológicas durante a abertura do Oceano Atlântico. Já foram classificados um número superior a 395 indivíduos dinossaurianos na região".




Fonte: G1

O Barco Romano

O Barco Romano do Mar da Galiléia

Em janeiro, 1986, Moshe e o seu irmão Yuval contemplavam o Mar de Galiléia ao caminharem ao longo da praia, ao sul do kibutz onde viviam - Guinossar, situado na margem ocidental do lago e notaram uma sombra estranha amoldada no chão do lago.
O Mar estava perigosamente baixo,após vários anos de seca, esta era a primeira vez que os irmãos - ambos, modernos pescadores diários - puderam ver o fundo do mar, tão claramente.
O que Moshe e Yuval viram era um esboço de arte afundado, perceberam os contornos de um barco na lama. Especialistas chamados para examinar a descoberta (cujo significado arqueológico só seria bem aceito na década seguinte)concluíram tratar-se dos remanescentes de um barco antigo. Decidiu-se, então, escavar o local imediatamente, antes que o nível da água subisse.

Foi necessário o uso de técnicas modernas e sofisticadas para erguer e transportar o barco. Em primeiro lugar, foi construído um maciço dique em volta do local, a fim de impedir que o lago o inundasse, ao mesmo tempo que usavam-se bombas para afastar as águas subterrâneas. Era preciso manter a madeira molhada enquanto a lama era removida do casco, que foi então reforçado com fiberglass e preenchido com poliuretano. Foram cavados túneis sob o barco e seus lados foram reforçados. Quando os remanescentes extremamente frágeis do barco estavam seguramente empacotados, bombearam água para dentro da enorme cova que fora criada durante a escavação, e o barco foi empurrado flutuando até a praia. Ele foi colocado num tanque de conservação especialmente construído no Museu Ygal Allon do kibutz Guinossar, onde o invólucro de poliuretano foi removido, sendo o barco novamente submerso em água. Num processo que levou vários anos, a madeira foi revestida de cera sintética, a fim de lhe dar força estrutural suficiente para ser exposta fora do tanque.

Quando o barco foi encontrado estava perpendicular à praia, com a popa voltada para o lago; apenas a parte inferior da popa arredondada foi preservada. O barco tem 8,2 m de comprimento, 2,3 m de largura e 1,2 m de profundidade. Foi construído segundo o conhecido modelo de "casca primeiro", com malhete e junta de espiga, encaixes de pranchas de cedro e molduras de carvalho. Boa parte da madeira já fora usada, tendo sido removida de barcos mais velhos e obsoletos. Outros fragmentos de madeira foram descobertos nas proximidades, o que prova que o local onde o barco foi encontrado era um estaleiro. A embarcação tinha tamanho suficiente para transportar 15 passageiros, inclusive uma tripulação de cinco pessoas. Embora tenha sido aparentemente usado para a pesca, talvez tenha servido também para o transporte de gente e mercadorias.
Pelas técnicas de construção e os dois vasos de cerâmica encontrados nas proximidades, os arqueólogos consideram que o barco era do período romano. Testes de carbono-14 confirmaram que o barco foi construído entre 100 a.E.C. e 70 E.C..

As poucas informações que possuímos a respeito de barcos no Mar da Galiléia durante a época dos romanos são provenientes de fontes escritas, como Flávio Josefo e o Novo Testamento, ou de pisos de mosaico com desenhos de barcos. A descoberta deste barco milenar do Mar da Galiléia despertou, por isso, atenção mundial.

Hoje, o barco pode ser visto em um museu especialmente construído no Kibbutz Ginossar, no Mar de Galiléia.

Fonte:www.mfa.gov.il

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Um índio que recebeu a comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo



Filipe Camarão: Nasceu na região que é hoje o Rio Grande do Norte. Índio batizado e casado com Clara Camarão, que, conforme o costume indígena, acompanhava o marido nos combates. Por suas lutas contra os holandeses, o rei Filipe III de Portugal e Espanha, concedeu a Filipe Camarão brasão de armas, com soldo e patente de capitão-mor dos índios e uma pensão de 40.000 réis. Em 1635 recebeu o tratamento de Dom e a comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo. Com seus índios, Camarão combateu em Porto Calvo, Goiana, Terra Nova, Camandaiatuba, Baia de Todos os Santos, Casa Forte, rio Guaju e Aguiar. Seu último combate foi na primeira batalha dos Guararapes, em 1648, quando adoeceu e se recolheu ao Engenho Novo de Goiana, vindo a falecer, sendo sepultado na igreja do Arraial.

*Foto tirada por Pablo Vilarrubia na exposição realizada no Forte dos Reis Magos -RN em 2008.

Sitio arqueológico em Curaçá

Escavações realizadas em sítios arqueológicos do Serrote do Velho Chico e Fazenda Salão, na região de Curaçá (a 592 km de Salvador), revelaram possível encontro de comunidades indígenas em estágios diferentes de evolução. A hipótese foi levantada por pesquisadores, a partir dos fragmentos de cinco urnas funerárias que evidenciavam a utilização de duas técnicas distintas no mesmo sepultamento. O trabalho arqueológico foi realizado entre dezembro de 2008 e fevereiro de 2009.

Localizada no semiárido baiano, a cidade de Curaçá fica às margens do Rio São Francisco, fator que, segundo os pesquisadores, explica a presença de povos indígenas na região há aproximadamente 3 mil anos. Eles acreditam que o rio confere à região a característica de ter sido tanto um corredor de passagem, quanto área de fixação de grupamentos humanos. A descoberta das urnas fortalece a hipótese de que grupos, em distintas fases de evolução, tenham se encontrado na localidade, ou o grupo vivenciava um processo de convergência cultural, fato até então inédito na pesquisa arqueológica.

Pinturas - No Serrote do Velho Chico foram encontradas pinturas e gravuras, lascas para a produção de instrumentos de pedras, restos de alimentação, como ossos de animais caçados, uma fogueira e restos de um sepultamento. Na Fazenda Salão foram achados a céu aberto cinco sepultamentos visíveis pelas cerâmicas descobertas, provavelmente pela erosão.

“Os ossos estavam muito fragmentados, mas permitiram identificar os esqueletos de três adultos e duas crianças. Os corpos foram depositados diretamente no chão e cobertos com recipientes cerâmicos na parte da cabeça”, explica o arqueólogo e coordenador do Projeto Mata Branca, Carlos Etchevarne. Segundo ele, esse poderia ser um padrão de enterramento circunscrito regionalmente, considerando que na década de 60 outros enterramentos foram identificados da mesma forma na mesma região.

As descobertas feitas revelam que em todas as crianças existia um colar, cada um com até 200 contas feitas com material ósseo e os adultos tinham os “tembetás”, feitos de quartzito esverdeado, material usado pelos índios no lábio inferior, geralmente como atributo masculino. “São três ‘tembetás’ esverdeados bem- trabalhados por polimento e um adorno circular no mesmo tipo de rocha, possivelmente auricular”, informa. Para Etchevarne, esses achados representam para o País o começo da construção de uma história regional anterior à chegada dos colonizadores, história que só é possível ser contada pela arqueologia.

“Com as descobertas, queremos incentivar o turismo científico e ecológico em Curaçá”, afirmou Dário Tavares Santos, antropólogo e técnico do projeto.

Outros achados – Mas esses não foram os primeiros achados em Curaçá, já tendo registro de outros sítios não só na região, como em todo a Bahia. “Nosso Estado tem um potencial riquíssimo em termos de patrimônio arqueológico à espera de ser pesquisado, preservado e bem utilizado”, afirma o arqueólogo.

O conjunto de materiais coletados (lítico, cerâmico, ósseo, biológico e carvão de fogueiras) foram levados ao Laboratório de Arqueologia que fica na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (São Lázaro) em Salvador, onde estão sendo catalogados, numerados e analisados para estabelecer contextos culturais entre os dois sítios: na Fazenda Salão e no Serrote do Velho Chico.

Caminhando pelo Serrote do Velho Chico, em sua propriedade, a Fazenda Las Vegas, José Reis Brandão, 66, conta histórias que conhece e muitas das quais fez parte e que revelam sua paixão pelo conhecimento em arqueologia e antropologia que surgiu junto com as primeiras descobertas datadas de 1960 em Curaçá e reconhecidas cientificamente. Ele lembra da visita do arqueólogo Valentin Calderon à região e que, até aquela data, nenhuma escavação havia sido realizada. “A partir daí, muitos vieram de vários estados para ver e pesquisar”, conta José Reis.

Fonte: A tarde online

Há 45 milhões de anos, João Pessoa estava sob o mar

A Bacia do Rio do Peixe foi dividida nas sub-bacias Brejo das Freiras (ou Triunfo), Sousa e Pombal e possui uma área de 1.424 quilômetros quadrados. O pacote sedimentar da área tem cerca de dois mil metros e idade entre 144 e 125 milhões de anos, com formação composta por conglomerados, arenitos, folhelhos e rios entrelaçados. O paleontólogo José Augusto de Almeida citou ainda a existência de um registro geológico perto do município de Cajazeiras, distante 461 quilômetros de João Pessoa.
Nesse trecho, há vestígios de uma formação fóssil do período geológico Siluriano, que compreende entre 435 e 410 milhões de anos. Um remoto resquício da existência de mamíferos foi encontrado muito tempo depois, na faixa de 40 milhões de anos, porém indícios bem primitivos que passam bem longe da linha que resultou na formação do ser humano.
Na região de Cajazeiras, há indicação da presença de peixes e outros animais aquáticos. A área ainda está sendo estudada, e segundo o professor deve ser mais antiga do que a Bacia Sedimentar de Sousa. No entanto, as análises não foram concretizadas, pois o registro está limitado ao material colhido por meio de mapeamento aéreo. “Não é possível identificar de forma precisa quais são os pontos, mas se acredita que surgiram em um período anterior ao constatado na Bacia de Sousa”, explica.
Almeida destacou a Bacia Costeira como o grande descobrimento de vida pré-histórica na Paraíba. Pelos levantamentos, constatou-se que o mar ocupava onde hoje estão não apenas João Pessoa, mas também cidades vizinhas como Cabedelo, Lucena, Bayeux e Conde. As águas ocupavam uma faixa de aproximadamente 30 quilômetros, além do limite atual. O fato foi comprovado pelo surgimento de rochas que caracterizam a presença do mar, no espaço de tempo entre 70 milhões e 45 milhões de anos.
“Embaixo de João Pessoa estão conjuntos de rochas de 66 milhões de anos que estavam submersas em águas de até 60 metros de profundidade”, informou o professor. Muitos materiais se encontram em pedreiras nos bairros do Róger, Mandacaru e Ilha do Bispo. Nesses locais, existem fósseis marinhos, como de inúmeras espécies de moluscos (caranguejos, siris) que chegavam a três metros de diâmetro. Havia ainda tartarugas marinhas, crocodilos, mossasauros – enormes répteis marinhos – e pterossauros (grandes répteis voadores da família dos dinossauros).
Em alguns locais, a paisagem pode ser comparada à África nos dias de hoje com a presença de animais de espécies parecidas com rinocerontes, elefantes e tigres. Além da Bacia do Litoral, de Sousa e das recentes descobertas na região de Cajazeiras, outros municípios do Agreste, Curimataú, Cariri e Sertão contam com sítios com indícios da megafauna do Pleistoceno, que na escala geológica se encontra no período entre 1,8 milhão e 11,5 mil anos. “A Paraíba é um Estado riquíssimo em acervo paleontológico e arqueológico, mas deixa muito a desejar em termos de pesquisas. Os poderes públicos não fazem investimentos nessa área e os materiais ficam abandonados”, reclama.

Por: Jacqueline Santos
Fonte: Jornal da Paraiba

Marcas da pré-história bem vivas na Paraíba.

Fonte: Jornal da Paraiba
Por: Jacqueline Santos

Muita água e animais marinhos vivendo livremente por toda a área ocupada hoje pela população de João Pessoa e cidades vizinhas como Bayeux e Santa Rita. Dá para imaginar um cenário assim? E o que dizer das regiões onde, na era moderna, abriga Sousa, Triunfo e Pombal? Área verde, lagos cristalinos, preguiças e tatus gigantes, tartarugas do tamanho de um Fusca e diversos animais pré-históricos, especialmente os polêmicos dinossauros. Essas paisagens não são sonho, nem imagens de filme de ficção. Trata-se do perfil de grande parte do Estado milhões de anos atrás.
Segundo estudos realizados na Paraíba, 70% dos municípios do Estado possuem vestígios de fósseis de animais pré-históricos. Para impulsionar a preservação e tentar resgatar o mais remoto de todos os períodos da história, está em processo de implantação o Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente do Semi-Árido do Nordeste do Brasil, criado no primeiro semestre de 2009.
O tema das pesquisas elaboradas na instituição, cujas atividades iniciaram há dois meses e ainda são muito incipientes, será a forma de vida nas grandes áreas do Semi-Árido nordestino. “Os estudos giram em torno das maneiras de dispersão das populações humanas pleistocênicas – 1,8 milhão de anos – e do começo do holoceno (há cerca de onze mil anos), suas estratégias de sobrevivência e sua adaptação ao paleoambiente”, detalha Anne-Marie Pessis, coordenadora do instituto e professora da Universidade Federal de Pernambuco.
O registro mais antigo de fósseis na Paraíba – o que comprova que havia vida desde então – apareceu na Bacia Sedimentar do Rio do Peixe, em Sousa. Já foram encontradas quase 400 pistas e muitas pegadas isoladas dos bichos gigantescos e outros que são encontrados ainda hoje (com aparência modificada, é claro) em 22 sítios espalhados por várias regiões do Estado. Além dos dinossauros, achou-se resquícios de algumas rãs, largarto, tartarugas e inúmeros invertebrados. Tudo através de análises de icnofósseis (traços fósseis como pegadas, trilhas e ninhos).
Isso quer dizer que a região onde você está pisando agora pode ter sido o terreno de espécies inimagináveis nos dias atuais, os quais consumiam dezenas de quilos de folhagens e em torno de 200 litros de água como mastodontes (parecidos com elefantes), toxidontes (semelhantes a hipopótamos) e outros comuns como lhanas, cavalos e tigres dentes-de-sabre.
O Sertão, onde as pessoas sofrem com a falta de água, por exemplo, era mar. “Em uma parte do Seridó como as cidades do Junco e Santa Luzia existem rochas que indicam que o mar estava presente em alguns bilhões de anos”, informou o professor de paleontologia e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba, José Augusto de Almeida.
Segundo o estudioso, nesse mesmo lugar, foram achados sedimentos que comprovam a existência de um lago entre 125 e 144 milhões de anos, o qual surgiu durante a separação dos continentes Sul-Americano e Africano. Havia invertebrados de água doce, a exemplo de moluscos e crustáceos, e ainda insetos. “No lugar do lago, existem rochas cujos sedimentos foram acumulados até esse período”, explica. Era uma região muito farta em água e com uma flora abundante, que propiciava a permanência de várias espécies já extintas com as mudanças geográficas que ocorreram com o passar do tempo.
Em Sousa, a comprovação de que existia vida animal se dá pela identificação das pegadas de espécies não mais encontradas. Por isso, as provas são chamadas de icnofósseis, ou seja, há somente a identificação das pegadas e não dos bichos que lá viviam propriamente ditos. Os estudos possibilitaram a reconstituição dos dinossauros de Sousa – dos tipos ornitópodes e saurópodes, além de icnofósseis de peixes e invertebrados.

Pesquisas
Luciano Jacques de Moraes (em 1924): primeiro relato sobre pegadas de dinossauros.
Murilo Rodolfo de Lima (1981): dezenas de espécies de pólen e esporos da mega fauna.
Geraldo da Costa Barros Muniz (1985): nova icnoespécie da Formação de Sousa.
Ismar de Sousa Carvalho (entre 1989 e 1996): várias pegadas de dinossauros e conchostráceos.
Giuseppe Leonardi e colaboradores (entre 1979 e 1987): pelo menos 21 artigos científicos e quatro novas formas de pegadas.