segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O chiclete asteca

Antropóloga descobre que a popular goma de mascar esteve presente em rituais religiosos e no dia a dia dessa civilização

Luciana Sgarbi - revista Isto É


Foi durante uma grande seca por volta do ano de 1400 que índios da Guatemala descobriram que ao mascar uma resina extraída de uma árvore, chamada sapodilha, estimulavam a produção de saliva - e enganavam a sede. Também no México, em plena civilização maia, e, portanto, ainda mais distante no tempo (cerca de 500 a.C.), essa mesma resina era utilizada com igual finalidade. "Quando se corta a crosta da sapodilha, brota uma substância leitosa que forma uma camada de proteção à árvore, justamente sobre a área do corte.


LENDA Estátua da deusa Tlazolteotl estigmatizada pelos astecas devido ao uso de chiclete

Essa substância é o chicle", disse à ISTOÉ a arqueóloga e antropóloga Jennifer Matthews, da Universidade Trinity, de San Antonio, nos EUA, e autora do l i v ro "Chi c l e : The Chewing Gum of the Americas", no qual relata as origens e a trajetória da goma de mascar ao longo da história.

E é debruçando-se sobre a própria história que também se tem notícias agora de que o chicle, misturado a outras substâncias, foi utilizado no final do período Paleolítico (há 11 mil anos) para colar ferramentas, utensílios domésticos e armas. "Os povos usavam o material como antisséptico para tratar infecções da gengiva e ainda como cola para consertar seus instrumentos", diz Jennifer. Ela se baseia, sobretudo, nas tradicionais crônicas de frei Bernardino de Sahagún (1499- 1590) para ilustrar alguns dos costumes pré-colombianos de mascar a goma, atualmente popularizada em todo o mundo como chiclete.

"Na sociedade asteca, só crianças, e assim mesmo crianças pequenas, tinham permissão dos adultos para colocar chiclete na boca", diz a antropóloga, explicando que tal regra devia-se em parte ao som emitido pelo ato de mascar, que Sahagún comparava com o de castanholas - e castanholas eram um instrumento associado às prostitutas astecas. Em seus registros a antropóloga Jennifer tem imagens da estatueta da deusa Tlazolteotl, conhecida na mitologia dessa civilização como "devoradora de pecados". Documentos se referem a ela como a mulher que se banhava todos os dias, usava perfumes carregados e mascava seu chicle.

US$ 19 bilhões
é quanto movimenta anualmente a indústria do chiclete no mundo. No Brasil, o consumo gera cerca de US$ 950 milhões
Daquela goma natural e plena de significados à sua forma multicolorida existente nos dias de hoje foi um longo caminho, e numa viagem no tempo pode-se perguntar: quando ela se tornou o moderno chiclete consumido internacionalmente? "A grande revolução, se quisermos usar essa expressão, data de 1870, e surgiu do encontro casual do general mexicano Antonio López de Santa Anna com o industrial americano Thomas Adams", diz a antropóloga. Ela conta que Adams procurava no chicle um substituto à borracha, considerada por ele muito cara.

O projeto não rendeu frutos e Adams estava pronto a abandoná-lo quando se deparou com uma menina que comprava numa farmácia uma goma de parafina para mascar. Adams lembrou, então, que essa era uma atividade popular entre os povos indígenas do México e mudou o rumo de seu projeto. Ele adicionou ao chicle o alcaçuz - planta de raiz adocicada - e passou a produzir sua "invenção" em formato de bolas embaladas em papéis coloridos. "Há em Nova York documentos comprovando o uso do chicle das florestas mexicanas na fabricação dos primeiros Chicletes Adams", diz Jennifer.

Com o advento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a nova goma se popularizou extremamente, inclusive nos campos de batalha, e a indústria não conseguiu suprir a demanda. As companhias americanas optaram por fabricar o artigo com materiais sintéticos, nascendo uma indústria que movimenta hoje anualmente cerca de US$ 19 bilhões. "Nos sítios arqueológicos podemos mergulhar em um passado milenar que, curiosamente, está conectado com um dos mais populares produtos que a humanidade já produziu", diz a antropóloga.

Além de nós, mas como nós

Um novo planeta situado fora do Sistema Solar tem superfície igual à da Terra

Fabiana Guedes - Revista Isto É



Uma equipe de astrônomos da Universidade de Genebra, integrada por pesquisadores de diversos países, entre eles o Brasil, anunciou na semana passada a descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar que não é formado por gases. Batizado de CoRot- 7b, a sua imagem foi enviada à Terra pela sonda francesa Corot e abre novas perspectivas ao estudo e à busca desses corpos celestes extrassolares, chamados exoplanetas.


A rigor, a ciência se dedica cada vez mais a esse desconhecido universo na medida em que aumenta também o interesse pela possibilidade de existência de formas rudimentares de vida extraterrestre. Ocorre, no entanto, que os cerca de 400 exoplanetas já catalogados são compostos basicamente de gases, fenômeno que torna inviável a presença de "elementos biologicamente vivos". Com o novo CoRot-7b é diferente: a sua superfície, dizem os astrônomos, é formada por "uma espécie de chão firme". Assim, se os outros exoplanetas assemelham-se, por exemplo, a Júpiter e Saturno, o que agora foi localizado pode até ser considerado, segundo os pesquisadores, como "um parente da Terra".

E onde está esse "parente"? Como ele é? A sonda francesa é que nos responde:
o CoRot- 7b distancia-se de nós em 500 anos-luz (um ano equivale a 9,6 trilhões de quilômetros) e estima-se que ele seja cinco vezes maior que a Terra. O grande fascínio dos cientistas devese ao seu chão rochoso e à sua densidade. "Esse é o exoplaneta mais parecido com a Terra que nós já encontramos", disse o astrônomo alemão Artie Hartzes. "Isso nos dá a esperança de que, em um futuro próximo, encontraremos outros ainda mais parecidos e com condições mais favoráveis à existência de vida". Igualmente otimista é o pesquisador suíço Alan Boss: "Tenho, cada vez mais, a certeza de que vivemos em um universo bastante populoso."

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Arqueólogos encontram em Israel sinagoga da época de Jesus Cristo

Arqueólogos israelenses descobriram no domingo as ruínas do que eles acreditam ser uma das mais antigas sinagogas do mundo.

Segundo a arqueóloga Dina Avshalom-Gorni, as ruínas descobertas no norte de Israel são da época do Segundo Grande Templo de Jerusalém, entre os anos 50 antes de Cristo e 100 depois de Cristo.

O local das escavações, a praia de Migdal, na costa do Mar da Galileia, é citado tanto em escrituras judaicas quanto cristãs.

Menorá
Durante os trabalhos, os arqueólogos encontraram uma pedra gravada com uma imagem de uma menorá, o candelabro de sete velas utilizado em cerimônias religiosas judaicas.

A menorá é um símbolo do judaísmo de mais de 3 mil anos e também o emblema nacional de Israel. A imagem gravada na pedra encontrada nas escavações aparece em cima de um pedestal e ladeada por ânforas.

Segundo os arqueólogos, esta é a primeira vez que uma imagem de uma menorá é encontrada em uma escavação fora de Jerusalém.

Maria Madalena
A cidade de Migdal, sob o nome aramaico de Magdala, é citada nas escrituras cristãs como o local de nascimento de Maria Madalena, uma das mulheres que acompanharam Jesus Cristo e que depois foi tornada santa.

Segundo Avshalom-Gorni , é possível supor que a comunidade que seguiu Jesus na Galileia frequentava a sinagoga descoberta.

Fonte: BBC