Fonte: EPTV.com
Aventura internacional em Machu Picchu, um Santuário Histórico Patrimônio da Humanidade. Este foi o destino do programa Terra da Gente.
No topo do mundo,os repórteres Helen Sacconi (texto) e Antonio Luiz (imagens), sobem a cordilheira dos Andes, no Peru, nas trilhas da civilização Inca. Nas altitudes andinas o povo Inca já construía um império, enquanto o Brasil ainda nem tinha sido descoberto. Agora, pesquisadores desvendam histórias e segredos desta civilização milenar.
Machu Picchu foi escolhida pela Unesco Santuário Histórico Patrimônio da Humanidade. A cidade peruana, construída a quase três mil metros de altitude, faz parte da complexa civilização Inca, um império nas Américas tão antigo quanto os reinados da Europa. Para o povo Inca, nas montanhas da Cordilheira dos Andes está a origem de tudo. Por milhares de anos, desenvolveram uma sociedade de cultura e técnicas de construção avançadas. Eles fizeram surgir nas alturas uma civilização sem igual em outra parte do mundo.
Para chegar até a cidade perdida dos Incas, a jornada nas trilhas tem caminhada e muita cavalgada. O destino é Machu Picchu, mas, entre montanhas e gelo, são muitas as aventuras pelo caminho da nossa equipe. Guiados por xamãs - descendentes dos Incas, os repórteres do Terra da Gente participam de rituais sagrados. Um desses rituais é mascar folha de coca, uma forma de amenizar a baixa quantidade de oxigênio. O desafio da cavalgada dos nossos repórteres é chegar ao topo da montanha sagrada, a uma altitude de 4.500 metros. Uma aventura que termina num grande lago glacial. No meio do caminho, a rota Inca surpreende os aventureiros com a Floresta Amazônica peruana. As flores e as aves dão mais vida às trilhas de Machu Picchu. A peregrinação à velha montanha está perto do fim. O que não termina para os nossos aventureiros são as novas descobertas nas trilhas do império Inca. O povo das cordilheiras andinas tinha conhecimento de astronomia e dominava técnicas de construção e agricultura. As últimas escavações indicam que ainda existem muitos segredos sob as ruínas da cidade sagrada.
Em Machu Picchu, se abre um espetáculo da história da humanidade: a vista privilegiada permite observar as características das ruínas. A construção tem o formato de um condor, ave símbolo de força e liberdade para os moradores dos Andes. É separada em dois grandes setores: o agrícola, onde estão os degraus de experiências e plantio; e a cidade em si, com casas e templos para adoração dos deuses. A construção segue o padrão visto em outras ruínas do Vale Sagrado. Pedras de granito branco pesando toneladas formam estruturas com acabamento e encaixes tão perfeitos que intrigam até mesmo os engenheiros modernos. A geologia é composta por rochas de 250 milhões de anos. A cidade foi construída a partir da base do rio para cima, técnica contra as erosões. E a obra do império Inca não para de surpreender. Um novo caminho foi desvendado em julho deste ano (2009), na montanha atrás das ruínas. Primeiras impressões
Umbigo do mundo. Assim é chamada a capital do povo inca, no Peru. É uma das cidades mais antigas do continente. Há indícios de sua existência 5 mil anos antes de Cristo. Estamos em Cuzco. A cidade de 450 mil habitantes é uma das mais altas do mundo. Está a 3.500 metros de altitude e é o ponto de partida da nossa aventura. Nosso objetivo é chegar a uma das maravilhas do mundo: o santuário histórico de Machu Picchu.
Quase todos que visitam a cidade inca mais famosa, passam antes, por aqui. Em língua indígena, além de umbigo, Cuzco quer dizer centro. No entanto, no mapa, o município está localizado ao sudeste do Peru. Por terra, até Machu Picchu são 110 km de distância. E dezenas de caminhos incas ligam as duas cidades. Nas ruas, muitos contrastes.
Nos arredores da capital inca, uma muralha para proteger o império de ataques demonstra a habilidade dos homens que viveram há milhares de anos neste local. É a fortaleza Saqsaywaman, que significa falcão. Alguns especialistas a consideram mais importante até do que Machu Picchu.
A obra levou 77 anos para ficar pronta e resistiu a tremores e vendavais até a invasão espanhola no Peru em meados de 1500. Hoje, o que se vê são apenas 20% do conjunto arqueológico. O suficiente para atrair milhares de turistas todos os anos. Seguindo caminho ao sul, em direção a Machu Picchu, entramos na área conhecida como Vale Sagrado. O nome não é consequência do acaso.
Cercado de montanhas, o vale abriga uma das terras mais férteis do país. Há milhares de anos, os moradores utilizam o solo para agricultura e uma das provas se mantém preservada no lugar, chamado Olantaytambo.
Com ruas estreitas e um povo simples, Olantaytambo é considerada a cidade inca viva mais antiga do mundo. Aqui está o parque arqueológico que ganhou o mesmo nome. Um laboratório agronômico construído nas montanhas.
Os degraus eram usados para fazer experiências com milho e batatas. Os incas descobriram que cada patamar tem uma temperatura diferente e desenvolveram culturas ao longo de toda montanha. Até hoje, a agricultura continua o principal fator econômico dos moradores.
Ao redor das experiências, as construções em rocha seguem o padrão das outras ruínas incas e chamam a atenção pela forma como estão dispostas. Não há qualquer tipo de massa entre os blocos e os encaixes são perfeitos. A forma como as pedras foram levadas continua um mistério.