domingo, 9 de agosto de 2009

O Barco Romano

O Barco Romano do Mar da Galiléia

Em janeiro, 1986, Moshe e o seu irmão Yuval contemplavam o Mar de Galiléia ao caminharem ao longo da praia, ao sul do kibutz onde viviam - Guinossar, situado na margem ocidental do lago e notaram uma sombra estranha amoldada no chão do lago.
O Mar estava perigosamente baixo,após vários anos de seca, esta era a primeira vez que os irmãos - ambos, modernos pescadores diários - puderam ver o fundo do mar, tão claramente.
O que Moshe e Yuval viram era um esboço de arte afundado, perceberam os contornos de um barco na lama. Especialistas chamados para examinar a descoberta (cujo significado arqueológico só seria bem aceito na década seguinte)concluíram tratar-se dos remanescentes de um barco antigo. Decidiu-se, então, escavar o local imediatamente, antes que o nível da água subisse.

Foi necessário o uso de técnicas modernas e sofisticadas para erguer e transportar o barco. Em primeiro lugar, foi construído um maciço dique em volta do local, a fim de impedir que o lago o inundasse, ao mesmo tempo que usavam-se bombas para afastar as águas subterrâneas. Era preciso manter a madeira molhada enquanto a lama era removida do casco, que foi então reforçado com fiberglass e preenchido com poliuretano. Foram cavados túneis sob o barco e seus lados foram reforçados. Quando os remanescentes extremamente frágeis do barco estavam seguramente empacotados, bombearam água para dentro da enorme cova que fora criada durante a escavação, e o barco foi empurrado flutuando até a praia. Ele foi colocado num tanque de conservação especialmente construído no Museu Ygal Allon do kibutz Guinossar, onde o invólucro de poliuretano foi removido, sendo o barco novamente submerso em água. Num processo que levou vários anos, a madeira foi revestida de cera sintética, a fim de lhe dar força estrutural suficiente para ser exposta fora do tanque.

Quando o barco foi encontrado estava perpendicular à praia, com a popa voltada para o lago; apenas a parte inferior da popa arredondada foi preservada. O barco tem 8,2 m de comprimento, 2,3 m de largura e 1,2 m de profundidade. Foi construído segundo o conhecido modelo de "casca primeiro", com malhete e junta de espiga, encaixes de pranchas de cedro e molduras de carvalho. Boa parte da madeira já fora usada, tendo sido removida de barcos mais velhos e obsoletos. Outros fragmentos de madeira foram descobertos nas proximidades, o que prova que o local onde o barco foi encontrado era um estaleiro. A embarcação tinha tamanho suficiente para transportar 15 passageiros, inclusive uma tripulação de cinco pessoas. Embora tenha sido aparentemente usado para a pesca, talvez tenha servido também para o transporte de gente e mercadorias.
Pelas técnicas de construção e os dois vasos de cerâmica encontrados nas proximidades, os arqueólogos consideram que o barco era do período romano. Testes de carbono-14 confirmaram que o barco foi construído entre 100 a.E.C. e 70 E.C..

As poucas informações que possuímos a respeito de barcos no Mar da Galiléia durante a época dos romanos são provenientes de fontes escritas, como Flávio Josefo e o Novo Testamento, ou de pisos de mosaico com desenhos de barcos. A descoberta deste barco milenar do Mar da Galiléia despertou, por isso, atenção mundial.

Hoje, o barco pode ser visto em um museu especialmente construído no Kibbutz Ginossar, no Mar de Galiléia.

Fonte:www.mfa.gov.il